Uma ação integrada entre as Polícias Civis de Mato Grosso e Goiás, batizada de “Operação Eixo Quebrado”, foi deflagrada para desmantelar um grupo criminoso especializado em uma modalidade de fraude que tem feito vítimas em todo o país: o golpe do “falso intermediário” na compra e venda de veículos. Em Mato Grosso, a operação se concentrou na cidade de Rondonópolis, onde foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão.
As investigações, que tiveram início em Goiás, foram motivadas pelo registro de ocorrência de uma vítima que amargou um prejuízo de aproximadamente R$ 120 mil na tentativa de comprar um caminhão anunciado em uma plataforma virtual. A apuração revelou uma rede organizada e com atuação nos dois estados.
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A engenharia social do crime
Durante as investigações, os policiais identificaram seis pessoas diretamente envolvidas na fraude, atuando com uma clara divisão de tarefas. A base do golpe era a engenharia social, uma técnica de manipulação psicológica para enganar as vítimas.
O modus operandi do grupo consistia em clonar anúncios reais de veículos, se apresentar tanto para o vendedor real quanto para o comprador interessado como um “intermediário” (um primo, um sócio, um conhecido) e, a partir daí, controlar toda a comunicação. Os criminosos criavam histórias convincentes para justificar por que o pagamento deveria ser feito em uma conta de terceiro, que não a do proprietário do veículo.
A quadrilha era dividida em dois núcleos:
- Operadores Telemáticos: Responsáveis por criar os anúncios falsos, manipular as conversas por aplicativos de mensagens e usar seu poder de persuasão para convencer as vítimas a depositar o dinheiro.
- Núcleo Financeiro: Cuidava da logística do dinheiro, utilizando contas de “laranjas” para receber os valores e, rapidamente, pulverizar os montantes em diversas outras contas para dificultar o rastreio e a recuperação.
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A operação em Rondonópolis
Os seis mandados de busca e apreensão cumpridos em Rondonópolis tinham como objetivo coletar provas e identificar a célula do grupo que atuava na cidade. Durante a ação, foram apreendidos aparelhos celulares, documentos e outros materiais que, segundo a Polícia Civil, serão cruciais para a continuidade das investigações e para a identificação de outras possíveis vítimas.
Os investigados poderão responder pelos crimes de estelionato qualificado pela fraude eletrônica e associação criminosa, cujas penas somadas podem ultrapassar 11 anos de reclusão.
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ALERTA: Como Funciona o Golpe do Falso Intermediário e Como se Proteger
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- O Anúncio Falso: O golpista clona um anúncio verdadeiro de um veículo, geralmente com um preço um pouco abaixo do mercado para atrair interessados.
- A Dupla Abordagem: Ele entra em contato com o vendedor real, se passando por comprador, e pede mais fotos e informações. Ao mesmo tempo, ele publica seu anúncio falso e é contatado pela vítima (o comprador real).
- A Manipulação: O criminoso passa a intermediar a conversa entre as duas partes, sem que elas saibam. Para o vendedor, ele diz que um “sócio” ou “primo” irá ver o carro. Para o comprador, ele diz o mesmo. A principal instrução é:“Não comente sobre valores com a outra parte, pois estou ganhando uma comissão” ou “É parte de uma dívida”.
- O Desfecho: O comprador e o vendedor se encontram, veem o veículo e, como foram instruídos a não falar de valores, a negociação parece normal. O comprador, então, transfere o dinheiro para a conta indicada pelo golpista. O vendedor nunca recebe o valor, e o comprador fica sem o dinheiro e sem o carro.
Para se proteger:
- Sempre negocie diretamente com o proprietário do veículo.
- Desconfie de histórias de “intermediários”.
- Confira se a conta para depósito está no nome do proprietário que consta no documento do carro.
- Nunca deposite valores antes de ter o recibo (CRV/ATPV-e) assinado e reconhecido em cartório e estar com a posse do veículo.
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